segunda-feira, 21 de novembro de 2011

As meninas dos chocolates - Annie Murray

Editora: ASA
Nº Paginas: 496
Ano publicação:2011
Chocolate + guerra. Uma mistura doce ou amarga? Comprovem a acridez.

A história deste livro, publicado pela Edições ASA, baseia-se em torno de três mulheres, Edie, Ruby e Janet, que têm personalidades e ambições muito diferentes e cujas vicissitudes da vida se entrelaçam pela guerra e decadência de felicidade nas vidas matrimoniais.
Elas trabalham na fábrica de chocolate Cadbury, em Birmingham, na Inglaterra. 
[A Cadbury existe também em Portugal, sendo o portfolio constituído por marcas líderes como Trident, Bubblicious, Bubbaloo, Cadbury, Chiclets e Halls. (E não, não vou receber caixas destes produtos pela publicidade!)]
A acção do enredo irá deambular perante o antes, o durante e o pós segunda guerra mundial.
Edie vem de uma família pequena governada por uma mãe austera que tem modos crueis e insensíveis. Ruby, por outro lado, tem uma mãe excêntrica, ex- bailarina, que sempre esteve ausente, e portanto, que não acompanhou o crescimento da filha. Janet é uma mulher calma e refinada (aparentemente), que vive em casa com sua mãe viúva, Francês, uma mulher bondosa em demasia.
A eclosão da guerra significa um fim para produção de chocolate e a fábrica onde as amigas trabalham, começa a industrializar outros produtos. A guerra também trás muitas mudanças para a vida pessoal destas mulheres.
Numa noite, quando Edie faz o seu trabalho de voluntariado, e lhe é destinado socorrer uma família, em que a casa foi bombardeada, Edie depara-se com uma criança recém nascida nos braços…
Edie dá-lhe o nome de David e durante a década e meia seguinte, educa-o, com o apoio de Frances, a mãe da sua amiga Janet. Depois a história é principalmente sobre Edie e David e de como o amor que os une, pode também os afastar.
Este romance dá uma visão extremamente vívida sobre o impacto emocional sobre os homens que voltam da guerra, com traumas enormes e que não mais regressam à normalidade. A trama aborda também as consequências do Holocausto sobre os sobreviventes, na sua maioria judeus.

Fraquezas: o título original deste livro e a tradução fiel do mesmo para português não terá sido a opção mais correcta. Em primeiro lugar, as três personagens femininas principais não são meninas, são mulheres. Depois é verdade que elas trabalham na fábrica de chocolate, mas em apenas algumas passagens do livro, é que a autora faz algumas referências á fábrica e aos chocolates. Claro que o marketing por vezes obriga a que os títulos dos livros não façam jus ao seu conteúdo. Não pensem encontrar o cheiro dos chocolates ao virar cada página, podem sim contar com alguns episódios de abortos espontâneos e/ou não e de mortes. 

Um ponto forte: a saga mostra a guerra vista de vários ângulos, mas principalmente, uma guerra que não sobressai em tons cinzentos e densos, pelas linhas das páginas escritas pelo punho de uma autora atenta.
Outro post it a salientar: os capítulos estão distribuídos de forma a não maçar o leitor, com os “bombardeamentos” da guerra; toda a parte gráfica do livro e em especial o invólucro em que o livro é apresentado nas livrarias está muito original e cativa a comprá-lo, sem mesmo antes ler o título ou sinopse. 

Um romance de leitura fácil, que não é anódino, com personagens femininas fortes e interessantes. Não é um romance de grande importância literária, mas é um livro que retrata as emoções dos personagens e suas naturezas.
A autora fez um grande trabalho de pesquisa, é notório. Nalgumas cenas no livro, o leitor sente que está na página com os personagens, vivendo suas vidas naquele momento também. O enredo não contém muito mistério, pois é fácil prever onde a trama irá seguir e que fim terá.
Annie Murray foi uma autora que não me causou displicência e quem sabe, um dia voltar a lê-la.

4 comentários:

Teté disse...

O tem agrada-me, de modo que talvez o leia, um dia destes... :)

Marco Caetano disse...

Aqui está um livro que já mora cá em casa. Para ler, quem sabe, um dia destes...

Abraço,
Marco

Miguel Pestana disse...

Não deixes que o "morador" ganhe muito pó. Vale a pena a sua leitura.

:)

P disse...

Estive vai não vai para o comprar e e ler.
Fiquei na dúvida por causa, precisamente, do nome.

Vou lê-lo. ;)
Obrigada.