segunda-feira, 4 de junho de 2012

Diálogo com (algumas) Imagens, de Vasco Graça Moura

Editora: Athena
Ano de Publicação: 2009
Nº de Páginas: 196

Na estampa deste Diálogo com (algumas) Imagens está Natália Correia, Fernanda Botelho e Maria João Pires. São elas as personalidades transpostas para a tela do pintor português Nikias Skapinakis (n. 1931) no ano de 1974. A pintura, escultura e fotografia são os meios artísticos que ilustram os diálogos e reflexões de Vasco Graça Moura (VGM), figura multifacetada da vida cultural portuguesa.
Retrato de Dante” de Júlio Pomar é a primeira obra (das 26) a que VGM dialoga em torno, e não foi ao acaso que esta faz as honras de abertura da obra [literária]. O autor traduziu A Divina Comédia de Dante e a sua devoção pelo poeta italiano é de todos (re)conhecida.
Júlio Pomar, Paula Rego, Siza Vieira, são alguns artistas visitados pelo autor, e em cada uma das obras VGM extrai o que de mais belo nelas existe – a seu ver. Muitos dos pintores abordados são seus conhecidos pessoal e artisticamente.
Quatro telas da obra do pintor Nikias Skapinakis (já acima referido), tem particular destaque neste livro. Uma delas faz parte da série de quadros intitulado “Quartos imaginários” - em que Skapinakis homenageia vários poetas e pintores que gostaria de ter conhecido como: Pessoa, Cesariny, Chagall, Frida Kahlo, Gauguin ou Louise Bourgeois -, e “O Quarto de Amadeo em Manhufe” é a tela escolhida por VGM que podemos apreciar na página 120.
«A cor de Nikias, tão típica dele como o seu desenho e o seu recorte dos volumes, incorpora-se de uma luz própria. O espaço de cada uma dessas solidões é, por vezes, cinematograficamente delimitado, como no quarto de Louise Bourgeois em Brooklin em que o ângulo das paredes quase se esbate e os adereços são reduzidos à economia austera de uma sugestão linear.»
A poesia não foi posta de fora neste “diálogo” (ou monólogo - diria) e numa página o autor cita Fernando Pinto do Amaral, noutra tal cita David Mourão-Ferreira, não sendo esquecido alguns versos de Camões.
Através de uma perfeita simbiose entre a arte e a escrita, Vasco Graça Moura assina uma obra indispensável a leitores admiradores de arte.

Sem comentários: