quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Um Blues Mestiço, de Esi Edugyan

Editora: Porto Editora
Ano de Publicação: 2012
Nº de Páginas: 336

Com uma classificação de 3,66 de 5 no Goodreads (a rede social que conta com mais de 10 milhões de membros em todo o mundo), média obtida através da nota que 3472 leitores atribuíram a Um Blues Mestiço, romance da escritora canadiana Esy Edugyan, este livro tem feio correr muita tinta nos meios que se dedicam ao sector editorial e livreiro. E a razão mais óbvia para tamanho destaque atribui-se por este ser um romance finalista do Man Booker Prize 2011.
A história é-nos relatada por um americano, Sid, contrabaixista de uma banda de jazz constituída por mais quatro membros: Chip, o baterista, Hiero, o trompetista, Paul, o pianista, e Fritz, o saxofonista. Numa primeira parte da narrativa, somos apresentados a uma Paris de 1940, na era em que muitos americanos negros, artistas de jazz, se mudam para a cidade. Paris está pintada em tons cinza e decadente, ou não estivéssemos nos primórdios da Segunda Guerra Mundial, e é neste ambiente esfumaçado que o jovem e excepcional trompetista alemão é preso pelos nazis, por ser apátrida. Em inacção, Sid presencia, sem nada puder fazer, o seu companheiro e amigo ser levado pelos nazis (os «Botas»). E perante esta ocorrência um sentimento profundo invade Sid.
Antes deste acontecimento, Hiero tem a oportunidade de tocar com Louis Armstrong, que intersecta esta história.
A outra metade da história ocorre em 1992, mais de cinquenta anos volvidos. Sid e Chip, os únicos amigos ainda em contacto, são convidados a voltar a Berlim para assistir à estreia de um documentário sobre Hiero, que tornou-se um ícone do mundo do jazz, pois deixou várias músicas gravadas, uma delas, a sua mais famosa: Um Blues Mestiço, com 3 mins., 33 segs. de duração. Será neste momento da narração que as reminiscências da amizade vêm ao rubro. As amizades são construídas de muitos sentimentos, díspares por vezes, mas será que a mágoa, o ciúme, a rivalidade e a traição serão sentimentos de quem é amigo genuíno? São estas dúvidas que a autora entrega ao leitor para que este capte as emoções e sentimentos reveladores da natureza humana de cada personagem que delineou neste romance.
Um Blues Mestiço é um exercício que incluí estar atento a todas as palavras e frases das personagens; a atribuir um sentido aos silêncios dessas frases e sentir o blues que teve fusão de várias raças, géneros, dialectos e, acima de tudo, que foi fruto de uma amizade pertencente a um grupo de homens, que por uns meses partilharam as suas vidas.
Em suma, a história tem focos interessantes, como a menção rigorosa da época do jazz em Paris (denotando-se um trabalho de pesquisa elaborado), mas perde-se devido à forma dispersa, subjectiva e a conta-gotas com que foi dada a conhecer. Os dois primeiros terços das páginas são pouco desenvolvidos, e nem com a leitura da última parte, podemos justificar ou encontrar um sentido para um início de romance pouco desenvolto.

1 comentário:

Teté disse...

Ora bolas! Estava a gostar tanto do enredo e afinal dizes que lhe falta ritmo e profundidade? Ai, ai... :)