quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

«Guia para um Final Feliz», de Matthew Quick

Ano de Publicação: 2013
Nº de Páginas: 288
O narrador deste livro, Pat Peoples, aos trinta anos não imaginara que a sua vida mudasse drasticamente. Ser professor de História não colmatava toda a sua energia. Por isso após as aulas, vestia o fato de treino e dedicava-se ao desporto. Estando casado de fresco, era esperado que dedicasse mais tempo para estar com Nikki, a sua mulher. Tal não acontecia com a frequência esperada e a também professora de Inglês, matava a ausência do marido em casa, preparando as suas aulas e se entregando horas e horas à leitura. Mas até nesse ponto, o gosto de Pat não se semelhava ao seu. 
Se em criança a mãe de Pat o enchia de mimos, não pode-se dizer o mesmo da relação entre pai e filho. Isto, devido ao distanciamento e frieza de afectos que Patrick sempre teimou em não assumir, e mais do que isso, «a deixar que os resultados dos jogos de futebol governem os relacionamentos dele com os seus familiares»; «Acho estranho viver numa casa com alguém com quem não se pode falar – especialmente se esse alguém for o nosso pai.» Super fãs do Philadelphia Eagles – uma equipa de futebol da Pensilvânia –, Patrick, Pat e Jake – o irmão – sempre puseram o futebol no topo das prioridades, deixando as mulheres para segundo plano. Cansada de ver o seu pundonor no final da lista de prioridades do marido, Nikki toma uma decisão. Acção essa que, posteriormente, desencadeia a ida de Pat para uma clínica psiquiátrica.
Passados quatro anos Pat volta para casa, não para a sua, mas para a dos pais. A prescrição de medicamentos, tanto para a ansiedade como para a depressão e falta de sono é-lhe administrada pelo psiquiatra da clínica. Cá fora, Pat, agora com 34 anos, será acompanhado pelo Dr. Cliff, que terá um papel importante para a sua eficaz resiliência. 
Com algumas falhas na memória e com a obsessão de voltar para a mulher (na realidade ex-mulher, mas sem que ele se lembre), Pat agora longe do «sítio ruim» – referindo-se à clínica – tenta ser uma pessoa diferente, para agradar a Nikki. Muda os seus hábitos alimentares, pratica muito desporto e começa a ler os romances (de leitura escolar obrigatória nos EUA) de que ouvia tanto Nikki se pronunciar: O Grande Gatsby (F. Scott Fitzgerald), Adeus Às Armas (Ernest Hemingway), Uma Agulha no Palheiro (J. D. Salinger) e As Aventuras de Huckberry Huck (Mark Twain). 
Tiffany é uma vizinha sua e também cunhada de Jake, e é num jantar que ele a conhece. Viúva e também com distúrbios mentais, Tiffany esconde uma vida dupla que só a sua psiquiatra e Pat poderão ajudar a unificar. Juntos conseguem ficar em primeiro lugar num concurso de dança. Mais do que um prémio, uma lição de vida resultará do empenho dos dois. Depois de um longo «tempo de separação» Pat e Nikki voltam a se encontrar. Mas será esse contacto um auspiciar de uma felicidade futura? 
Por tudo o que passou; pelo esforço que desencadeou em prol de um objectivo; pela fidelidade; pelo preconceito em ser chamado de doente mental; pelo olhar repleto de comiseração dos amigos por ele se consultar com um psiquiatra; será que foi tudo em vão? Será que o seu final não será junto de Nikki? Será se referindo a ela que o narrador diz: «a mulher que sabe (…) quantos comprimidos diferentes ando a tomar, mas que, mesmo assim, deixa que eu a segure nos meus braços.»? 
Matthew Quick, ao longo das 288 páginas de The Silver Linings Playbook (título original), toca em assuntos como a perda, saúde mental e entrelaça-os com sentimentos de esperança e de amor. Em suma: um livro pungente e positivo sobre as questões humanas que nos povoam ao longo da existência. E mais, um livro bem delineado, com algumas rasteiras mestras em inverter a narrativa num ápice. 
Sirvo-me de uma citação de Martin Luther King, Jr., que poderia ser lida como uma outra sinopse de Guia para um Final Feliz: «A derradeira prova de um homem não é tanto a maneira como se comporta em tempos de conforto e conveniência, mas a maneira como ele enfrenta os tempos de adversidade.» 

4 comentários:

Teté disse...

Pelos vistos, o livro apresenta algumas diferenças em relação ao filme... :)

Miguel Pestana disse...

O filme não manteve a história original. Vi ontem o filme e saí desiludido. Os actores não me convenceram também, muito menos o filme. As nomeações dos 3 não fazem sentido - para mim, lá está.

Rita Domingos disse...

Fui ver este filme ao cinema e adorei, muito divertido! Deu-me vontade de saber como está o livro já que, normalmente, os livros são muito melhores que a adaptação ao cinema! :)

Diana Matias disse...

Não vi o filme no cinema porque quero muito ler este livro. Só estou à espera de uma oportunidade boa ;)