sexta-feira, 28 de março de 2014

«Como Se Escreve Um Romance Policial», de G. K. Chesterton

Editora: Alêtheia
Data de Publicação: 02/2014
N.º de Páginas: 110

Uma das mais recentes obras publicada pela Alêtheia é constituída por uma série de textos breves escritos por Gilbert Keith Chesterton (1874-1936), autor que tem um número já considerável de livros visíveis no catálogo da editora. Os onze artigos que formam Como Se Escreve Um Romance Policial foram publicados pelo escritor britânico em vários jornais desde 1900.
A abrir esta colecção ensaística Chesterton diz que o romance policial não deve ter como modelo o romance, mas a novela; e explica que crê haver um princípio fundamental e que assume ser o ponto essencial de um romance policial: «é que o segredo deve ser simples». Salienta também que este género literário, no geral, tem sido alvo de recensões despropositadas por parte de críticos que não têm gosto pela leitura de policiais (os pensamentos de Chesterton há mais de cem anos continuam tão actuais; a realidade é contínua; os romances policiais são esquecidos pelos críticos literários que escrevem nas mais diferentes publicações, e é hoje tido como um género ínfero, sem validade, sem acrescento para a bagagem cultural de um leitor.) No segundo ensaio, intitulado Como se escreve um policial, o autor revela com muita modéstia que ele é um escritor de policiais frustado, que ainda não descobriu a «técnica», e que tem absoluta noção disso: «sou uma pessoa totalmente consciente de que nunca conseguiu escrever um policial.» De acordo com Chesterton ficção policial é mais adequada para o estudo da complexidade da existência humana. No ensaio seguinte o autor de O Homem que era Quinta-Feira aponta os erros mais cometidos pelos autores de policiais, sendo um exemplo: «Há muitos policiais que não resultam pelo simples facto de o criminoso aparecer à solta na história, aparentemente sem nada que fazer a não ser cometer o crime.» Um dos últimos ensaios deste livro é dedicado ao criador de Sherlock Holmes, um dos autores de referência para o também criador de um dos detectives mais célebres da literatura: Padre Brown.
Como Se Escreve Um Policial ajudará os autores e leitores do género narrativo, cujo eixo central é o processo de resolução de um mistério, a estarem mais atentos a aspectos ligados ao estilo da linguagem, ao enredo, à complexidade versus simplicidade que duma história transparece. Em suma, «o leitor tem que se convencer que não é tão arguto quanto o detetive», diz-nos G. K. Chesterton.


Excertos:
«(...) o autor não pode revelar as coisas mais interessantes acerca das personagens mais interessantes, antes de chegar ao último capítulo. O policial é um baile de máscaras, em que toda a gente aparece disfarçada de outra pessoa (...)» (p. 11)

«(...) o policial é apenas um jogo; e, nesse jogo, o adversário não é o criminoso, mas o autor.» (pp. 19-20)

«O verdadeiro objectivo de um policial inteligente não é confundir o leitor, é esclarecê-lo.» (p. 27)

1 comentário:

Nuno Peralta disse...

Fiquei com grande curiosidade de ler este livro.